É a coroa papal, um rico acessório para a cabeça, ornado com pérolas e pedras preciosas, com a forma semelhante à de uma colmeia, encimada por uma pequena cruz, e circulada por três diademas reais. Por conta dos três diademas é às vezes chamada de
triregnum. A tiara é um ornamento não-litúrgico, que, portanto, só é utilizado para ocasiões não-litúrgicas, procissões cerimoniais indo para ou voltando de uma igreja, procissões papais cerimoniais, tal como houve em determinadas ocasiões até Rome ser ocupada pelos piemonteses, e em atos solenes de jurisdição, como, por exemplo, decisões dogmáticas solenes. O papa, como os bispos, usa a mitra em funções litúrgicas pontificais. A tiara é mencionada pela primeira vez na
“Vita” do Papa Constantino (708-715) contida no
“Liber Pontificalis”. Ela aí é chamada de
camelaucume é mencionada no que se chama de
“Constitutum Constantini”, a suposta Doação do Imperador Constantino, provavelmente inventada no séc. VIII. Dentre a prerrogativas atribuídas ao papa neste documento, há especialmente um ornamento branco para a cabeça chamado
phrygium, que o distinguia. Isto naturalmente pressupõe que, no tempo em que o documento foi escrito, era costumeiro o papa usar tal ornamento. Três períodos podem ser distinguidos no desenvolvimento da tiara. O primeiro período vai até o tempo em que esta era adornada com um diadema real; neste período, o ornamento papal para a cabeça era, como claramente se conhece pelo
“Constitutum Constantini” e pelo
Ordo IX de Mabillon (séc. IX), meramente um chapéu de material branco semelhante a um capacete. Pode ter havido um corte ao redor da borda inferior do chapéu, mas este ainda não tinha de modo algum o caráter de um diadema real. Não é positivamente conhecida a data em que a cobertura de cabeça papal foi adornada com um tal diadema. Na época da Doação de Constantino, isto é, no séc. VIII, a cobertura de cabeça papal ainda não tinha nenhum diadema real, como é evidente, pelo texto do documento. No séc. IX também nenhum diadema parece ter existido. É verdade que o
Ordo IX chama o chapéu papal de
regnum, mas a descrição que o
Ordo dá deste chapéu nada tem de uma coroa, mas apenas que o
regnum era um chapéu/boné semelhante a um capacete, feito de material branco. Os resquícios de monumentos não dão pistas quanto ao período em que a cobertura de cabeça papal passou a ser ornada com um diadema real. Até o séc. XII, a tiara era não só raramente representada na arte, mas também é incerto se a faixa decorativa na borda inferior destina-se a representar apenas um corte ou um diadema. Isto é ainda mais verdade quanto à representação da tiara nas moedas de Sérgio III (904-911) e Bento VII (974-983), as únicas representações do séc. X e também as mais antigas. Provavelmente, a cobertura de cabeça papal recebeu a tiara no momento em que a mitra se desenvolveu a partir da tiara, talvez no séc. X, a fim de distinguir a mitra e a tiara uma da outra. Em qualquer caso, a última foi provida de uma coroa por volta de 1130, como se aprende de uma declaração de Suger de Saint-Denis [um famoso abade francês, de importância no tocante à arquitetura gótica]. A primeira aparição comprovada da palavra
tiara como designação da cobertura de cabeça papal está na vida de Pascoal II (1099-1118), no
“Liber Pontificalis”.
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